Dia desses conversava com meu marido que o Fernando Pessoa usava heterônimos para escrever e, dizem, que ele era mais ele quando escrevia como Bernardo Soares, Álvaro de Campos, ou qualquer um dos outros heterônimos do que quando assinava como Fernando Pessoa. Meu marido achou coisa de louco. Eu entendi.
Sempre gostei de escrever, mas nunca gostei de compartilhar o que escrevia. Desde a adolescência, muito antes do livro da Julia Cameron cair em minhas mãos há 2 anos atrás, eu já tinha por hábito escrever, rasgar o papel e jogar no lixo. Meus textos sempre foram muito pessoais e me ajudavam a alinhar meus estudos, minhas idéias, sentimentos, e até colocar pra fora o que nem sabia que tinha que sair. Nunca falei isso pra ninguém, até agora. Eu jogava o texto fora não por ser secreto, mas porque sua única função era desopilar minha cabeça mesmo.
Pois bem, como toda adolescente que gostava de ler e escrever e que foi criada em uma família de juristas, fui fazer faculdade de direito. Mas não era pra ser. A Marininha que passou a infância e adolescência folheando revistas de decoração e arquitetura da mãe, que redecorava o próprio quarto infinitas vezes, cresceu, casou, virou advogada, fez muito calo no pé andando de fórum em fórum, acabou chutando o direito pro alto, teve duas filhas e sabia que precisava colocar pra fora aquela paixão que pulsava dentro dela. Virou designer de interiores.
E virei designer de interiores por causa das minhas filhas. A maternidade foi, pra mim, como um salto de um desfiladeiro para o mar: quando você pula, aquele impulso é tão intenso que você vai cada vez mais pro fundo, aproveitando cada segundinho do mergulho maravilhoso. Mas uma hora percebe que, por mais deliciosa que seja aquela água toda abraçando o seu corpo, você precisa subir pra respirar. Quando voltei à tona, já não dava mais pra voltar pro desfiladeiro, eu estava na água e precisava nadar até a praia. A minha praia era projetar casas e ajudar as pessoas a viverem melhor em suas casas. Mas até chegar na praia levei muito caixote! Sete anos depois, cá estou. O caminho realmente se faz ao caminhar.
Até aqui eu tenho colocado, um a um, cada tijolinho que pavimenta meu caminho. Pois bem, resolvi que em 2023 colocaria justamente esse tijolinho aqui, uma newsletter semanal e despretensiosa pra falar do que mais gosto: da nossa relação com a casa, das relações que se estabelecem na nossa casa, de mobiliário, de tornar nosso dia a dia mais gostoso e tudo que for periférico a isso. Pode ser que um dia ou outro eu, aparentemente, fuja do tema. Mas acredite, na minha cabeça está tudo conectado, então espero que faça sentido pra você também.
Escrevo sobre isso desde 2007, primeiro no blogspot, quando finalmente aprendi a curtir o processo de compartilhar a escrita, que hoje tanto me agrada. Depois segui escrevendo em blogs e projetos alheios e, por fim, no instagram. Mas o ritmo lá é outro. É rápido, letra pequena, some depois…
Quando a Alê Garattoni, que eu acompanho desde o It Girls e que, como eu, ama um textão, falou a primeira vez do substack, já sabia que ia acabar me rendendo. Eu poderia ter feito isso antes, mas não tinha achado nenhuma plataforma que me agradasse.
Aqui a gente vai poder manter a conversa com calma, sem a pressa de ter que acessar o app em 24h sob a pena de perder o fio da meada. Gosto da idéia do arquivo, gosto da idéia de ser no tempo que eu quiser, gosto da idéia de não ter que, obrigatoriamente, usar imagens. Acho que iremos curtir. Eu e vocês.
Então, se você quiser vir comigo e quiser me acompanhar por aqui, se cadastra no Substack no link logo abaixo do texto e assina minha newsletter. É gratuito e sempre que eu publicar, ela vai direto pro seu email. Vou amar ter sua companhia.
Amei, prima!
Amei a ideia, o primeiro texto, a forma como sua escrita me prendeu… Enquanto lia, parecia que eu estava ai pertinho! Estou pronta para os próximos textos!
❤️
Sucesso amiga!!!!